domingo, 28 de agosto de 2022

GUERRA DO PARAGUAI

 

GUERRA DO PARAGUAI
Durante o século XIX, a sociedade que conhecemos hoje estava passando por metamorfoses com a ascensão de diversos modelos políticos nunca testados, queda de nações, surgimento de outras e conflitos entre essas novas e velhas nações. Não diferiu na América do Sul, quando diversos países se encontraram em um conflito de grande proporção, a Guerra do Paraguai, envolvendo interesses econômicos e políticos advindos das nações do Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai, sendo esse conflito agravado por guerras internas como, por exemplo, a Guerra Civil Uruguaia.

As causas do conflito são amplamente discutidas até agora, e acredita-se que sua maior parte tenha se desenrolado na década de 1860, quando interesses de mercado entre o Brasil e Paraguai acabaram acarretando conflitos físicos entre às duas nações, que receberam uma maior intensificação com a posse de Francisco Solano López como líder do Paraguai em 1862. Solano López não era desconhecido dos líderes brasileiros, o mesmo era um nacionalista próximo de grupos rebeldes americanos, como o famoso grupo argentinos Federalistas, além da sua proximidade com o jovem governo do Uruguai, possibilitando diversos acordos entre os três países.
A tensão entre o Brasil e Paraguai se dava em diversos aspectos, sendo o principal deles o fato de que o Paraguai cobrava taxas alfandegárias em uso de navegação do Rio Paraguai, onde o Brasil alegava que deveria ter o direito de navegar livremente sem impostos, além disso, havia também um conflito territorial que se arrastava há alguns anos por uma parte do território que hoje corresponde a uma parte do Mato Grosso do Sul, e o fato do Brasil não desistir do território, ocasionava no ato do Paraguai não retirar os impostos pelo uso do Rio Paraguai em seu território. A relação entre o Brasil e Paraguai foi de fato destruída quando em 1864, quando uma guerra civil foi travada no Uruguai entre os blancos – partido político aliado ao governo paraguaio – e republicanos, o Brasil ficou do lado dos revoltosos, enquanto o Paraguai do lado dos blancos.
Com isso, o Brasil apoiou Venancio Flores, líder do chamado partido colorado e adversário dos blancos, chegando até mesmo, a apoiar financeiramente Venancio, chegando ao ponto de tropas brasileiras invadirem o Uruguai e interferirem diretamente no conflito civil uruguaio, e para revidar a interferência externa, o Paraguai ameaçou atacar o Brasil caso suas tropas não se retirassem de solo uruguaio, essa postura de Solano López foi principalmente parte de uma estratégia de imagem, onde o mesmo queria elevar seu país como uma das principais potências da América do sul, e também rivalizar com a Argentina e Brasil, e é claro, imaginou que as tropas brasileiras recuariam e deixariam o conflito se resolver sem sua interferência, elevando o Paraguai como uma nação intimidadora.
O governo brasileiro ignorou sumariamente o ultimato paraguaio, e invadiu o Uruguai em 1864, contribuindo diretamente na queda dos blancos e na ascensão de Venancio Flores como presidente uruguaio. A ação brasileira sofreu represaria logo em seguida, quando em 11 de novembro de 1864, uma embarcação do Brasil foi presa em assunção, capital do Paraguai, onde na mesma estava o Coronel Carneiro de Campos, estadista representante do Mato Grosso, e essa prisão gerou revolta não somente do estado brasileiro como de sua população, ocasionando em um rompimento de relações diplomáticas entre os dois países.
A situação levou um certo desespero em Solano López, que acreditava que o Brasil iria invadir o Paraguai e revidar sua represaria, o que é falso, e antes mesmo que o Brasil tentasse contatos mais intensos para liberar os prisioneiros, López decide atacar solo brasileiro em dezembro de 1864. Cerca de 7700 soldados paraguaios invadiram o Mato Grosso entre 22 e 24 de dezembro de 1864, dominando a região e obrigando as tropas ali presentes a recuar no dia 28. Iniciava a Guerra do Paraguai, e a cede de López não seria saciada somente com o Mato Grosso, e logo em seguida marchou rumo ao Rio Grande do Sul, planejando chegar ao Uruguai e apoiar os blancos na guerra civil.
No percurso, se viu obrigado a invadir a argentina que negou passagem aos paraguaios, aproximando a Argentina e Brasil, se juntando ao Uruguai na coalizão chamada de Tratado da Tríplice Aliança, assinado em 1 de maio de 1865, traçando a deposição de Solano López para o fim da guerra e indenização de todos os custos trazido pela guerra em ambos os três países. A invasão da argentina foi repelida, e iniciou um novo momento do conflito, onde ao invés de investir contra as nações que queria rivalizar, teria de defender seu território das mesmas, e assim foi feito. E logo no início da guerra, teve uma grande baixa, quando na Batalha Naval de Riachuelo a marinha brasileira destruiu totalmente as forças marítimas paraguaias e impôs o bloqueio de navegações paraguaios, isolando a nação.
Entretanto, o Paraguai acabou vencendo uma batalha importante, a chamada Batalha de Carupaiti, onde as tropas da Tríplice Aliança tiveram cerca de 4 mil baixas, isso foi fundamental para continuidade da resistência paraguaia, mas pouco tempo depois, em 1868, a principal fortaleza do Paraguai foi tomada por brasileiros, a fortaleza Humaitá, e em 1869, a capital Assunção foi invadida por tropas brasileiras, argentinas e uruguaias e saqueada, gerando enorme prejuízo para o país. Foi nesse período também que um dos fatos mais marcantes do conflito aconteceu, a Batalha de Campo Grande, onde um grupo de mais de dois mil paraguaios compostos de mulheres, crianças e adolescentes, na maioria foram enviados para a fronte por Solano López, tendo como resultado um real m@ss@cr3 naquele dia, onde de um lado foram registradas quase 2 mil baixas, enquanto do lado dos aliados somente 26.
A guerra acabou quando Francisco Solano López foi morto em batalha na Batalha de Cerro Corá, em março de 1870. O desfeche não foi bom para nenhum dos países envolvidos, pois deixou enorme rastro de destruição e morte no Paraguai, marcou o início de uma crise financeira no Brasil que contribuiria diretamente para queda da monarquia mais tarde, e estremeceu por anos relações comerciais entre o Brasil e Paraguai. O país derrotado perdeu terras para o Brasil e Argentina, e para além de desfeches políticos, estima-se que entre 300 e 450 mil pessoas morreram no conflito, sendo a maior parte civis obrigados a lutar na guerra pelo seu ditador. Vale ressaltar que boa parte das mortes se deram pelas doenças que assolaram os campos de guerra e a pouca tecnologia medicinal de guerra.

FONTE....

Estudos Históricos.


Via facebook

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