NÃO VALORIZAMOS NOSSA PRÓPRIA HISTÓRIA: OS BONDES QUE CIRCULARAM NO RIO ATÉ A DÉCADA DE 1960 HOJE TRAFEGAM NOS EUA
Na década de 1960, o Rio de Janeiro passava por uma mudança no sistema de transportes: o desmantelamento do sistema de bondes. O Brasil foi um dos pioneiros na instalação de bondes e o sistema na cidade do Rio de Janeiro foi considerado um dos maiores do mundo, tendo seu auge nas décadas de 1920 e 1930. A partir disso, a intensa disputa de interesses de governantes e do setor privado (ao lado do surgimento de novos meios de transportes, como ônibus, cujas empresas americanas saíram fortalecidas após a Segunda Guerra Mundial) fizeram com que os bondes entrassem e uma lenta decadência até chegar à década de 1960.
Por volta de 1964 e 1965, a antiga capital do Brasil estava trocando seus bondes por trolleybus (ônibus elétricos importados da Itália) e ônibus comuns, o que resultou em uma gigantesca mão de obra para a substituição dos 650 km de trilhos espalhados pelo Rio de Janeiro por asfaltos simples ou adaptados. Mas o que fazer com a frota de bondes que seria aposentada?
Simples: o coronel Manuel Moreira (um dos responsáveis da Companhia de Transporte Coletivo do Estado da Guanabara) teve a brilhante ideia de queimar todos os bondes. O resultado foi toneladas de metais vendidas para a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Cada bonde rendia uma média de duas toneladas de ferro e 800 quilos de cobre. Mas com quem ficou o dinheiro dessa venda? Ninguém sabe ao certo.
Atualmente para ter a oportunidade de visitar os bondes da Light que rodavam pelo Rio de Janeiro é necessário viajar aos Estados Unidos. Graças ao trabalho de Paul Class e Louis J. G. Buehler; alguns bondes foram preservados antes de serem destruídos pelo fogo. Ao saberem que tal medida seria aplicada no Rio de Janeiro, os dois americanos compraram 12 bondes por US$ 1200 (valores muito maiores hoje em dia). Os vagões foram de navio aos Estados Unidos e passaram por uma série de restaurações para torná-los adequados para o uso. Hoje, bondes que um dia rodaram pelo Catumbi e pela Ilha do Governador rodam em Middleton, Pensilvânia.
Texto escrito por @leonardokrohling
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