terça-feira, 28 de março de 2023

O "Combate Naval do Riachuelo" (1869-1872)

 

O "Combate Naval do Riachuelo" (1869-1872), tela comemorativa de importante episódio da Guerra do Paraguai, foi encomendada ao Pintor Victor Meirelles pelo Ministro da Marinha, Afonso Celso de Assis Figueiredo, em 1868
O Combate Naval do Riachuelo mostra os brasileiros em triunfo. Na proa da fragata Amazonas, o almirante Barroso ereto acena com o quepe, em gesto repetido por vários marinheiros, alheios à continuidade do confronto, aos últimos esforços dos vencidos. Situados em primeiro plano, no que resta de uma embarcação prestes a naufragar, paraguaios resistem desesperadamente em meio a cadáveres. Os dois núcleos sustentam didaticamente a narrativa. No arranjo composicional, os paraguaios em primeiro plano servem de moldura e favorecem à perspectiva que conduz o olhar aos vencedores na proa do Amazonas. Entretanto, sustentando a diagonal que une os dois grupos, encontra-se um marinheiro brasileiro alvejado por um oficial paraguaio, quando, talvez, tentasse se apoderar da bandeira paraguaia ao seu lado
A tela Combate Naval do Riachuelo, realizada entre 1868 e 1872, foi enviada à Exposição de Filadélfia, nos Estados Unidos, em 1876. Em seu retorno ao Brasil, mal acondicionada, se deteriorou. Inconformado, Vitor Meireles pintou, entre 1882 e 1883, em Paris, a versão que conhecemos hoje
André Amaral de Toral, em seu livro Imagens em desordem: a iconografia na Guerra do Paraguai (2001), afirma que o pintor Victor Meirelles esteve no teatro de operações nos meses de agosto e setembro de 1868 e testemunhou de perto os combates navais.
Na famosa tela, está em destaque um marinheiro brasileiro , que caíra dentro do navio inimigo no momento do choque dado pelo "Amazonas", que é mortalmente ferido a tiro de revólver por um oficial paraguaio. O tiro covarde que atinge o peito do marinheiro negro marca o tempo congelado da glória militar brasileira retratada na tela, uma homenagem aos 120 brasileiros mortos na Batalha
Victor Meirelles coloca o marinheiro brasileiro em destaque, isolando-o em posição mais elevada; apresenta-o com a mão no peito e o rosto de perfil, voltado para o alto, sendo alvejado por um atirador, que antes não existia, tornando-o um herói anônimo, a lembrar o custo da vitória celebrada pelos oficiais a bordo da fragata Amazonas. Victor Meirelles, assim, instalou uma tensão em sua narrativa.
Os três “representantes” paraguaios no detalhe mostram uma curiosa “síntese” de seu exército: um velho, um adulto, e um soldado muito jovem. Apenas do soldado “adulto” se mostra combativo. O menino parece perdido e o velho foge sem condições de combate. Fonte: Uma Batalha Cromatica: Victor Meirelles e a Passagem do Humaitá

Nenhum comentário:

Postar um comentário