A história da higiene bucal é antiga. Egípcios tinham o costume de fazer um pó para limpar os dentes, que consistia em cinzas de cascos de boi, mirra, cascas de ovo queimadas e pedra-pomes. Os gregos, e depois os romanos, aprimoraram as receitas adicionando abrasivos como ossos triturados e conchas de ostra. Mas nada disso é ''pasta de dente''. O primeiro creme dental da história, ao menos registrado no Ocidente, foi criado pelo afro-muçulmano Ali Ibn Nafi, ou ''Ziryab'', mais conhecido pelo seu legado na música, moda e etiqueta medieval da Espanha moura. Chegando à Córdoba em 822, Ziryab inventou uma pasta de dentes que era descrita como ''funcional e palatável.'' A inspiração do polímata com toda certeza foi religiosa, visto que escovar os dentes é um preceito ritual no Islã. Muhammad, o profeta, chegou a dizer que se não fosse por medo disso se tornar um fardo, ordenaria que seus seguidores escovassem os dentes antes de cada uma das cinco orações do dia, e também ensinou que para a recitação do Alcorão e reza, o muçulmano precisa estar com um bom hálito, visto que uma boca fedorenta afasta os anjos. A pasta de dente de Ziryab tornou-se um sucesso na corte dos califas omíadas, e era provavelmente utilizada junto com o miswak, um galho da árvore salvadora pérsica que muçulmanos tradicionalmente usam para limpar seus dentes. E assim, o primeiro creme dental chegou à uma Europa que ainda engatinhava na higiene.
Por: Mansur Peixoto
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