segunda-feira, 20 de março de 2023

SETE POVOS DAS MISSÕES

 


Laurinda Lili  

O povoado de São Miguel Arcanjo, ou das Missões, era uma das reduções do Estado Jesuítico do Paraguai que formava, com seis outros, os Sete Povos das Missões. Era uma reunião de grupos catequizados jesuítico-guaranis situados no noroeste do atual Estado do Rio Grande do Sul.
As outras reduções dessa região se transformaram em cidades ou, simplesmente, desapareceram: São Borja (1682), São Nicolau (1687), São Luiz Gonzaga (1687), São Lourenço (1691), São João Batista (1697) e Santo Ângelo (1706). A instalação de São Miguel das Missões no local atual data de 1687, mas teve origem em 1632. Sua fundação é atribuída aos padres missionários Cristobal de Mendoza e Paulo Benevides.
São Miguel foi construída em uma colina, o que favorecia o escoamento das águas pluviais abundantes pelo excesso de chuvas do verão gaúcho. No centro da redução e em frente à igreja, estava uma praça quadrangular. O colégio, a igreja e o cemitério ocupavam o lado norte e nos outros três lados restantes erguiam-se as casas dos índios, das quais restam apenas as ruínas. Havia, ainda, uma quinta, inteiramente cercada por pedras com jardim, pomar e horta.
Seguindo a tradição da época, a Igreja de São Miguel apresentava uma rica e colorida ornamentação interna. Algumas imagens, feitas em arenito, compõem o acervo do Museu das Missões. As missões jesuíticas foram uma estratégia da Coroa Espanhola para colonizar a América do Sul. Os povoados seguiam o modelo urbano espanhol, composto de praça, igreja, colégio, oficinas, hospitais, hortas e moinhos e eram administrados por padres da Companhia de Jesus, enquanto a maioria dos habitantes eram indígenas.
As missões não foram exclusivas no Rio Grande do Sul: estavam presentes em toda América Espanhola. Paraguai, Bolívia, Peru, Argentina, México, Califórnia, Florida e Texas são exemplos de locais que comportaram comunidades missionárias.
No século 17, várias missões foram fundadas no atual oeste brasileiro, território espanhol na época. Dessa forma, os portugueses eram vistos como inimigos pelas comunidades. Em 1750, o Tratado de Madrid reconheceu boa parte da América do Sul como território português mas muitas missões jesuíticas não concordaram com a decisão. Mesmo com os espanhóis retirando suas tropas, guaranis liderados por Sepé Tiaraju promoveram a Guerra Guaranítica em 1753. Em 1759, os jesuítas foram expulsos da América Espanhola, tornando as missões desabitadas.

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